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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Brasil debate o futuro da astronomia

(JC/ON) Quinze cientistas estrangeiros apresentarão projetos de mais de US$ 10bilhões

"Estamos começando a custar caro para o Brasil, por isso precisamos amadurecer urgentemente a gestão dos investimentos na área, com adefinição de estratégias e projetos de médio e longo prazo". A avaliação é do astrofísico do Observatório Nacional (ON) Luiz Nicolaci da Costa, idealizador da reunião "O Futuro da Astronomia", a ser realizada entre os dias 27 e 29 de maio, no RJ, como parte das comemorações dos 180 anos ON, um dos mais antigos institutos depesquisa do Brasil.
A reunião será dividida em duas partes. A primeira, nos dias 27 e 28,será "A Glimpse into the Future of Astronomy" (algo como Uma Impressão sobre o Futuro da Astronomia). A outra, no dia 29, será "New Astronomy: The Data Chalenge" (A Nova Astronomia: o Desafio dosDados).
As inscrições estão sendo feitas, em separado, nos endereços eletrônicos
Ali também pode ser conferida a programação completa.
"A Glimpse into the Future of Astronomy" terá palestras de cientistas responsáveis por alguns dos maiores projetos da astronomia mundial da próxima década, inclusive o novo telescópio espacial, que vai substituir o Hubble. No total, serão apresentados 15 projetos que somam mais de US$ 10 bilhões em investimentos.
O objetivo é identificar oportunidades de colaboração brasileira e de fornecer subsídios para o planejamento de médio e longo-prazo para oON e o MCT. Até porque, para desenvolver esses projetos, esses cientistas tiveram que elaborar estudos detalhados que podem servir desubsídio para a definição de uma estratégia de investimentos para o Brasil.
"É raro ter uma reunião como esta, discutindo tantos projetos diferentes ao mesmo tempo. Certamente é uma oportunidade única para a astronomia brasileira", diz Nicolaci
"New Astronomy: The Data Challenge" debaterá as necessidades de infra-estrutura na área da tecnologia de informação necessárias paralidar com a avalanche de dados gerada pelos projetos apresentados nos dois primeiros dias. Isso vai exigir sistemas de armazenamento de grandes volumes de dados, processamento em grade, redes de alta-velocidade e portais especializados para a eficiente exploraçãocientífica dos dados.
"A estrutura para fazer isso ainda está em desenvolvimento em todo omundo, e talvez a melhor alternativa para um país como o Brasil contribuir, efetivamente, seja se especializando na produção desoftwares. Isso envolve pessoas para analisar dados, ao invés de desenvolver instrumentos, o que demanda uma base industrial ainda frágil no pais", acredita o astrofísico.
Depois de se formar PhD em física pela Universidade de Harvard, em1979, Nicolaci passou a maior parte de sua carreira no exterior, trabalhando em instituições como o Harvard-Smithsonian Center forAstrophysics e o European Southern Observatory (a organização européia para pesquisas astronômicas).
Ele lamenta a falta de articulação da comunidade astronômica brasileira: "Há cinco instituições atuando na área de astronomia hoje no MCT, mas nenhum processo ou fórum para uma discussão integrada".
Segundo ele, a astronomia só está muito bem do ponto de vista financeiro, nos EUA, graças a uma série de debates que começaram a se realizar por lá, no início dos anos 1980, como esse que está se propondo agora no Brasil.
Conhecidos como "decadal surveys", esses debates passaram a serrealizados regularmente naquele país. Outro exemplo vem da Europa, coma recente publicação do documento "A Science Vision for European Astronomy".

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