(Panorama Espacial) O desmatamento da Amazônia tem sido assunto freqüente nos noticiários das últimas semanas. O tema, que já era freqüentemente abordado pelos principais jornais e revistas em passou a ser ainda mais destacado pela imprensa após a saída de Marina Silva do Ministério do Meio-Ambiente. Mas, afinal, o que isto tem a ver com espaço?
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é a principal entidade brasileira responsável pelo monitoramento do desmatamento na região amazônica, e exerce esta atividade através de dois projetos, o PRODES, que elabora estimativas anuais com imagens tiradas pelos satélites norte-americanos da série LANDSAT, e o DETER, acrônimo de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, que faz uso de imagens geradas por sensores com alta freqüência de observação a bordo dos satélites americanos TERRA e AQUA, da NASA, e do satélite sino-brasileiro CBERS-2B. O DETER, justamente por produzir informações mais rápidas é menos preciso quanto as suas conclusões se comparado aos dados gerados pelo PRODES.
A polêmica que contrapõe o Ministério do Meio-Ambiente e o INPE em relação ao governo do Mato Grosso (MT) está justamente nos dados fornecidos pelo DETER, que mostrariam um aumento no desmatamento da Amazônia, especialmente no MT. A polêmica atingiu tal ponto que o governador do estado, Blairo Maggi chegou a afirmar que “O INPE está mentindo a serviço de alguém. Queremos saber a serviço de quem”.
Sem entrar no mérito da qualidade das informações produzidas pelo INPE (eu particularmente conheço o trabalho feito pelo Instituto, que conta com profissionais altamente qualificados e competentes), diante dos acontecimentos, não se pode deixar de formular algumas questões, na esperança de que mais dia ou menos dia sejam respondidas pelos fatos: os sistemas de monitoramento terrestre e tecnologia que o Brasil tem atualmente são adequados para as necessidades do País? E em termos de futuro, os satélites da série CBERS, Amazônia e MAPSAR atenderão as necessidades nacionais para observação terrestre?
No último dia 26, num evento realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmou que "o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono", algo óbvio para nós brasileiros. E justamente por sermos donos da Amazônia brasileira é que devemos explorá-la e monitorá-la de forma racional e com qualidade, e nisto o Programa Espacial Brasileiro, em especial o seu segmento de satélites tende a ter funções e responsabilidades cada vez maiores.
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