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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Matemática alienígena


(Herton Escobar - Estadão) Imagine só: o universo observável (aquele que podemos enxergar, até um raio de 13,7 bilhões de anos-luz de distância) tem algo em torno de 100 bilhões de galáxias. Cada uma dessas galáxias tem, no mínimo, umas 100 bilhões de estrelas. E os cientistas estão descobrindo que a maioria dessas estrelas tem planetas ao redor, a exemplo do nosso sistema solar. Assim, se cada estrela tiver pelo menos um planetinha, em média (para ser bem conservador), isso significa que pode haver (ou há) 10.000.000.000.000.000.000.000 de planetas no universo, além da Terra (leia-se 10 mil bilhões bilhões de planetas, ou 10 elevado a 22).

“Parece enorme, mas é apenas igual ao número de moléculas de H2O em 0,3 ml de água”, disse-me o professor Augusto Damineli, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. Tudo bem, mas digamos que parece enorme porque é enorme mesmo! Dez mil bilhões bilhões de planetas … é zero demais para uma pessoa só.

O que nos leva à pergunta mais interessante de todas: será que estamos mesmo sozinhos no universo, frente a todos esses zeros? Será que dentre todos esses dez mil bilhões bilhões de planetas a Terra foi o único no qual a vida conseguiu se desenvolver?

O fato é que, até onde os cientistas já foram capazes de procurar, não há uma única prova de que exista vida em outro lugar. O problema está no “até onde os cientistas já foram capazes de procurar”, o que é muito, muito pouco - na verdade, só começamos a arranhar a superfície de Marte, e olhe lá.

Os nossos telescópios até que enxergam muito longe, mas a vida é muito pequenininha na escala do universo para enxergarmos alguma coisa dela a distância - pelo menos, com a tecnologia atual. Vejamos, por exemplo, a foto acima, feita pelo telescópio espacial Hubble. Ela mostra uma região profunda do espaço, na qual podem ser vistas cerca de 10 mil galáxias. (Atenção: galáxias, e não estrelas, como estamos acostumados a ver com nossos próprios olhos no céu da noite. Cada pontinho luminoso no fundo dessa imagem é uma galáxia inteira, como a Via-Láctea, povoada, cada uma delas, por bilhões de estrelas e mais alguns bilhões de planetas.)

As mais distantes estão a mais de 13 bilhões de anos-luz da Terra. A essa distância, qualquer coisa pode estar acontecendo dentro dessas galáxias. O roteiro inteiro de Guerra nas Estrelas poderia estar se passando de verdade lá dentro e nós, simplesmente, não teríamos como saber. Civilizações inteiras podem estar sendo construídas ou destruídas, e nós nunca saberemos.

Simplesmente não temos como enxergá-las, muito menos fazer contato com elas.

Tudo que podemos fazer, por enquanto, é especular sobre as probabilidades. A vida, como nós a conhecemos, parece ser um evento raro - mas já aconteceu pelo menos uma vez, ou não estaríamos aqui, vivos, para falar sobre isso, obviamente. Suponhamos, então, que as chances de a vida surgir em um planeta qualquer são de 1 em 1 bilhão. Ainda assim, pelo número de planetas disponíveis no universo, isso significaria que há pelo menos uns 10 mil bilhões de planetas com vida flutuando por aí.

Pode ser vida inteligente ou simplesmente um monte de micróbios. Simplesmente não sabemos. E talvez nunca venhamos a saber. Mas vale a pena imaginar.

Essa e outras fotos fantásticas do universo profundo podem ser vistas no site http://hubblesite.org/gallery/album/the_universe_collection/. Pense nisso quando olhar para elas.

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