(AFP/JB) Após dias de expectativas, os cientistas americanos da Nasa comemoraram a primeira coleta de solo de Marte feita na quarta-feira pela Missão Phoenix, para começar as análises em busca de água e compostos orgânicos no Planeta Vermelho.
Desde a última sexta-feira, a Phoenix tentava coletar amostras, mas o solo estava mais compacto que o esperado, dificultando a operação.
- Após acionar pela sétima vez o aparelho de vibração para fazer com que as partículas do solo passassem pela tela do Tega, nos surpreendemos ao receber dados indicado que o 'forno' estava cheio - explicou na quarta-feira, visivelmente aliviado, William Boynton, um dos pesquisadores da missão.
O objetivo do Tega (Analisador de Gás Térmico e Expandido, na sigla em inglês) é aquecer amostras que o braço robótico da sonda coleta, transformando-as em gases para análise.
Esse forno pode ser utilizado apenas uma vez, mas o Phoenix conta com oito.
- O problema foi superado e amanhã, ou depois de amanhã, temos a esperança de poder fechar o forno e começar a análise - afirmou.
Peter Smith, líder dos cientistas da missão, disse que o solo marciano, nesse local, parecia "particularmente interessante e muito pouco comum".
Os cientistas acreditam agora que a sonda irá encontrar água congelada sob a superfície, em uma segunda etapa da exploração.
A sonda Phoenix chegou no dia 25 de maio em Marte, com o objetivo de investigar a presença de água e outros materiais no pólo norte do planeta vermelho, que poderiam indicar condições propícias para a vida, como por exemplo, compostos orgânicos.
Um dia depois de chegar, a sonda enviou fotos inéditas do Pólo Norte de Marte, que dão uma idéia inicial das planícies do Ártico do planeta: uma paisagem desolada, de solo pedregoso e congelado.
- Podemos ver rachaduras nas depressões que nos fazem pensar que o gelo ainda modifica a superfície - disse Peter Smith, da Universidade do Arizona, principal pesquisador do projeto Phoenix.
- Vemos rachaduras novas. Não podem ser antigas pois estariam cobertas" pela poeira marciana.
Nas fotos, pode-se ver também as marcas da sonda na superfície, assim como desenhos em forma de polígono no solo, similares aos das regiões árticas da Terra.
- Estou absolutamente pasmo. Não tenho palavras - disse Barry Goldstein, diretor do projeto Phoenix no Jet Propulsion Laboratory (JPL), em Pasadena, Califórnia, onde está o controle da missão.
Após uma viagem de nove meses, na qual percorreu 679 milhões de quilômetros, a sonda Phoenix pousou em uma área relativamente plana, segundo Goldstein.
- Pela primeira vez em 32 anos, e somente pela terceira vez na história, uma equipe do JPL conseguiu realizar uma aterrissagem suave em Marte - disse, em uma nota, o diretor da Agência Espacial Americana, Nasa, Michael Griffin, classificando a façanha de "incrível".
A Phoenix cavará na superfície marciana por três meses. Dado que a região polar de Marte está sujeita a mudanças de estação, os cientistas acreditam que, assim como na Terra, o ártico marciano pode esconder o registro de um clima mais quente e habitável.
- Nossa missão é cavar - disse Peter Smith antes da aterrissagem.
- Acreditamos que a matéria orgânica tem de ter existido pelo menos em uma época, produto de meteoritos e outros impactos, acrescentou, explicando que a presença de água líquida e matéria orgânica significaria que foi uma "zona habitável".
A Phoenix não estará sozinha. A Nasa também tem os robôs Spirit e Opportunity em solo marciano, que exploram a zona equatorial do Planeta Vermelho desde 2004.
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