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terça-feira, 17 de junho de 2008

Um fragmento do meteorito Murchison, descoberto na Austrália em 1969
(Estadão) O meteorito Murchison, uma rocha espacial descoberta na Austrália em 1969, contém xantina e uracila, duas substâncias necessárias para a formação de DNA e RNA, moléculas essenciais para a vida na Terra, dizem cientistas dos EUA e Europa na edição de 15 de junho da revista especializada Earth and Planetary Science Letters. Além disso, dizem eles, os átomos de carbono encontrados nas substâncias detectadas no meteorito são de um tipo raro na Terra, o que praticamente garante que elas se formaram no espaço.
"Estes resultados demonstram que compostos orgânicos, que são componentes do código genético na bioquímica moderna, já estavam presentes nos primórdios do sistema solar e podem ter desempenhado um papel na origem da vida", diz o texto que descreve a descoberta.

Esse resultado soma-se a outros que dão apoio à hipótese de que a vida pode ter começado a partir do encontro, na Terra, de moléculas originadas no espaço. A formação dessas moléculas no ambiente espacial também é objeto de estudo - a Nasa, por exemplo, mantém um Laboratório de Gelo Cósmico que tenta recriar as reações químicas que acontecem a baixas temperaturas, pressões e na presença de radiação.

O próprio Murchison já revelou diferentes moléculas orgânicas no passado. E, em fevereiro deste ano, outra equipe de pesquisadores havia anunciado que outro meteorito, achado na Antártida, apresentava uma predominância de aldeídos - os elementos formadores dos aminoácidos, que por sua vez formam proteínas - com o mesmo tipo de conformação visto nas proteínas usadas pelos seres vivos. O trabalho foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Além de estabelecer uma relação possível entre moléculas do espaço e a origem da vida na Terra, a descoberta de moléculas orgânicas complexas em meteoritos traz a possibilidade de que outros planetas tenham sido "semeados" com o mesmo tipo de matéria-prima, dizem cientistas.

Atualmente, a Nasa procura por matéria orgânica em Marte, com a sonda Phoenix, e tem planos de sondar Europa, uma lua de Júpiter que, acredita-se, tem um oceano de água salgada sob a superfície, em busca de sinais de vida.

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