Missão teria participação de diversas agências espaciais e custo estimado em US$ 16 bi.
(BBC / G1) Cientistas de vários países do mundo se reuniram em Paris para propor que seja enviada uma missão a Marte para coleta de amostras de materiais e, quem sabe, vida, de acordo com informações do jornal britânico The Guardian.
A proposta foi apresentada durante uma conferência do Grupo de Trabalho Internacional de Exploração de Marte (IMEWG, na sigla em inglês), entidade composta por delegados de agências espaciais de vários países cujo objetivo é planejar missões futuras a Marte.
Os diretores da Nasa (agência espacial americana) e da ESA (a agência espacial européia) receberam cópias da proposta e devem decidir até novembro se financiarão ou não o próximo estágio de planejamento do projeto.
A missão terá de vencer obstáculos financeiros, tecnológicos e de biossegurança - já que organismos vindos de Marte poderiam ameaçar a vida na Terra.
Mas se for realizada, será a iniciativa espacial mais audaciosa desde o homem chegou à Lua, em 1969.
O objetivo da missão seria colher amostras de rochas e - possivelmente - vida microscópica na superfície do planeta.
Custo e parceria
A missão teria um custo estimado de US$ 16 bilhões e, segundo os cientistas, só poderia ser realizada com recursos e know-how de várias agências espaciais, incluindo a Nasa e a ESA.
"Vai custar caro, e nenhuma agência espacial poderia financiá-la (sozinha)", disse a cientista Monica Grady, da Open University, ao jornal britânico The Guardian.
Grady integra o grupo de cientistas que escreveu a proposta da missão. Segundo ela, o projeto seria um passo vital antes do envio de uma missão tripulada a Marte.
"Se você não puder trazer uma rocha de volta, não vai ser capaz de trazer pessoas de volta", disse Grady ao Guardian. "Trazer amostras de Marte é absolutamente essencial se quisermos continuar nosso programa de exploração de Marte."
Cientistas calculam que uma missão tripulada a Marte não será possível antes de 2050, mas, segundo a proposta apresentada na semana passada, uma missão para coleta de amostras poderia ser enviada entre 2018 e 2023.
Pouso e decolagem
Uma das dificuldades técnicas de um projeto como esse é que a missão teria de ser capaz de pousar em Marte e depois decolar - até agora, houve sete pousos bem-sucedidos no planeta, mas nenhuma das sondas retornou ou trouxe algo de volta.
Em entrevista à BBC Brasil, Monica Grady disse que decolar de Marte é mais difícil do que partir da Lua porque há maior gravidade e porque o planeta possui uma atmosfera.
Grady acrescentou que vários avanços tecnológicos teriam de acontecer para tornar possível a missão.
"Por exemplo, seria necessário projetar algo que vai coletar o pacote (com o material recolhido na superfície de Marte), um mecanismo automatizado de captura", disse a cientista.
Contaminação
Outro grande obstáculo seria evitar a contaminação por organismos estranhos vindos de Marte. Segundo os cientistas, é preciso tomar muito cuidado para não trazer do planeta algo que poderia prejudicar a Terra.
Os especialistas avaliam que, se existem, micróbios marcianos devem ser muito resistentes, tendo sobrevivido na superfície gelada e seca do planeta e sendo constantemente bombardeados por radiação ultra-violeta.
É impossível saber que efeito organismos como esses poderiam ter sobre a vida na Terra.
A missão envolveria o envio de duas naves separadas. Uma pousaria na superfície de Marte e, com o auxílio de um robô, coletaria o material.
Outra ficaria orbitando o planeta. Depois de coletado o material, um veículo decolaria da nave no solo para se acoplar à outra, em órbita, e transferir a carga - cujo peso aproximado seria de meio quilo.
A nave em órbita retornaria à Terra. Ao pousar, os cientistas transfeririam as amostras para um laboratório de segurança máxima, onde elas seriam estudadas para a identificação de possíveis sinais de vida.
A proposta para a missão é o resultado de oito meses de estudos por 31 cientistas de diversos países.
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