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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Marte tinha áreas habitáveis quando a vida começava na Terra

Descoberta de minerais formados na presença de água indica um passado úmido e de temperatura amena


Imagem de delta no interior da cratera Jezero; área verde marca minerais formados por água

(Estadão) Cientistas acreditam que a vida surgiu na Terra há cerca de 4 bilhões de anos, no oceano ou em algum outro ambiente onde houvesse água. Agora, uma análise de dados gerados pela sonda Mas Reconnaissance Orbiter (MRO), em órbita do planeta vermelho, mostra que o líquido também era abundante - e o clima, ameno - em Marte, na mesma época.

"Nossos resultados indicam claramente uma fase da história marciana em que a água esteve em contato com as rochas por longos períodos, criando novos minerais, e que o planeta não era quente demais a ponto de impedir o desenvolvimento de vida", diz o pesquisador John Mustard, da Universidade Brown (EUA), principal autor do artigo com os resultados da MRO. O trabalho aparece na edição desta semana da revista Nature.

Mustard diz que o planeta não era "quente demais" porque os minerais detectados teriam se formado a temperaturas relativamente baixas. "Esses resultados indicam uma ampla diversidade de ambientes... condutivos de habitabilidade", diz o artigo.

Os instrumentos da MRO encontraram sinais de minerais que se formam na presença de água nos chamados terrenos da chamada época Noaquiana de Marte, de 4 bilhões a 3 bilhões de anos atrás. De acordo com o artigo, ainda há sinais de água presa entre as camadas de rocha. "Esses minerais podem conter até 25% de água", diz Mustard. "Se houver grandes quantidades deles nas rochas, então essa poderia ser uma fonte de água, oxigênio ou hidrogênio em algumas regiões de Marte".

No artigo, Mustard e colegas chamam atenção para o fato de que esses minerais aparecem depositados em encostas, no fundo de crateras e em deltas de rios secos, em meio a sedimentos "claramente depositados por água", escrevem. Os minerais existem ainda nos picos formados no centro de algumas crateras de impacto, o que sugere que havia água subterrânea quando as colisões ocorreram, a uma profundidade de 4 km a 5 km.

"Meus resultados não requerem que Marte tenha tido um oceano, mas exigem uma boa quantidade de água", explica Mustard. "No mínimo, as regiões superiores de Marte experimentaram água abundante, e por regiões superiores eu me refiro ao quilômetro de crosta mais próximo da superfície". De acordo com o cientista, essa água poderia ter sustentado nascentes de águas termais, e um sistema hidrológico ativo.

Em artigo publicado mês passado na revista Nature Geoscience, a pesquisadora Bethany Ehlmann, também da Brown, destacava a presença de depósitos sedimentares em deltas secos de rios no interior de uma cratera marciana, Jezero, que abrigava um grande lago antigo, que recebia água e sedimentos de uma bacia hidrográfica de cerca de 15.000 km2. Agora, o trabalho de Mustard confirma a presença de minerais formados na presença de água na mesma área, e em vários outros terrenos antigos de Marte.

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