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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Do outro lado da Lua


(Herton Escobar / Estadão) Imagine só: a Lua gira constantemente em volta de si mesma, assim como faz a Terra. Mas a face da Lua que nós enxergamos é sempre a mesma, como se ela estivesse estática. Pode conferir: pegue um binóculo qualquer e olhe para ela duas noites seguidas. O que você vai ver é sempre a mesma coisa.

Ou seja, tem uma metade inteira da Lua que a gente nunca viu (a não ser que você seja um dos astronautas sobreviventes do programa Apollo, da Nasa, mas acho difícil). É o “lado de trás” da Lua, que está sempre de costas para nós.

A razão disso é que o movimento de translação da Lua (o tempo que ela leva para dar um volta em torno da Terra) está perfeitamente sincronizado com o seu movimento de rotação (o tempo que ela leva para dar uma volta em torno de si mesma).

É um balé astronômico meio confuso de entender. Eu mesmo tive de brincar algumas vezes girando em torno de um amigo até me convencer de que isso era possível. Mas é. A Lua está sempre girando, mas o lado dela que está de frente para nós é sempre o mesmo. Pegue duas laranjas numa mesa ou tente simular os movimentos com as mãos que uma hora você chega lá.

Pensei nisso esta semana ao ver uma maravilhosa lua cheia no céu de Brasília, onde estou trabalhando numa reportagem. Além disso teve o eclipse parcial de sábado (dia 16), que eu não vi, mas que traz a tona um outro fato curioso sobre o nosso satélite lunático.

A Terra, iluminada pelo Sol, projeta uma sombra no espaço como qualquer objeto. O eclipse lunar ocorre quando a Lua passa por dentro dessa sombra. Mas isso não tem nada a ver com as fases da Lua que nós vemos normalmente!

As fases lunares - nova, crescente, cheia e minguante - são determinadas pela posição da Lua no céu em relação ao Sol. A parte escura não é causada pela sombra da Terra (isso só ocorre no eclipse), é simplesmente a parte que não está diretamente virada para o Sol - pela mesma razão que as mulheres precisam ficar mudando de posição na areia quando estão pegando um bronzeado na praia, para ficar sempre de frente para a luz.

A fase nova é a mais curiosa, pois a Lua nasce e morre durante o dia, em vez da noite. Nesse caso, é o “lado de lá” dela que está iluminado, de frente para o Sol, porém de costas para nós, como sempre. A Lua, nesse caso, está entre a Terra e o Sol, mas não exatamente na mesma linha. Nas raras oportunidades em que ocorre um alinhamento perfeito, temos um eclipse solar.

Infelizmente, os únicos que já viram esse outro lado da Lua, como eu comentei, foram os astronautas da Nasa. Nós, seres humanos comuns, ficamos só com as fotografias.

Pense nisso a próxima vez que olhar para a Lua.

Confira um diagrama das fases da Lua e outras informações:

http://lunar.astrodatabase.net/lua_dia_dia.htm

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