Missão STS-109 em março de 2002, a terceira de conserto no telescópio
"Atualmente conseguimos ver objetos que emitiram luz há 13 bilhões de anos", diz Dave Leckrone, cientista sênior do telescópio. "Como o universo tem aproximadamente 13.7 bilhões de anos, o que vemos é sua infância, seu berçário".
Novos Instrumentos
A STS-125 será a quinta missão de reparo a voar até o telescópio. Seus predecessores substituíram e repararam componentes danificados e adicionaram avançadas câmeras e equipamentos científicos, que deixaram o Hubble cada vez mais poderoso. E desta vez não será diferente.
Um dos instrumentos que deverá ser instalado no interior do telescópio será o COS - Cosmic Origins Spectrograph ou espectrógrafo de Origens Cósmicas - um instrumento de 70 milhões de dólares do tamanho de um telefone, desenvolvido pela universidade do Colorado. O instrumento terá a função de analisar a absorção da luz vinda de quasares muito distantes após passar pelas nuvens de gás das galáxias em seu caminho. Essa análise permitirá aos cientistas conhecerem a composição do gás cósmico, como se altera com o tempo e como afeta as galáxias ao seu redor.
Outro instrumento que será adicionado ao telescópio Hubble será a WFC3 (Wide Field Camera 3 ou Câmera de Campo Largo 3), uma câmera capaz de fazer imagens em ultravioleta e infravermelho de larga escala e extremamente limpas e detalhadas. A WFC3 também poderá captar imagens no espectro visível, mas não com o mesmo detalhamento da câmera atual, a ACS. Segundo Leckrone, ambas as câmeras trabalharão em conjunto, de forma complementar.
Trabalho Intelectual
Para que esses e outros instrumentos sejam instalados será necessário uma série de caminhadas espaciais, mas que serão muito diferentes das tradicionais caminhadas feitas na Estação Espacial, ISS.
Telescópio antes e depois do conserto, com novos painéis instalados. Crédito: Nasa
Enquanto na montagem da Estação Espacial os astronautas devem manipular grandes peças como guindastes, andaimes e módulos, no telescópio Hubble os astronautas terão um trabalho mais científico e intelectual. Tony Ceccacci, diretor de vôo da missão explica: "O trabalho na ISS se assemelha ao da construção civil enquanto o trabalho no Hubble se compara ao de uma cirurgia cerebral".
Apesar da instalação dos novos equipamentos e a troca de alguns itens, como giroscópios, baterias e um sensor de guiagem ser um grande desafio, a atividade de reparos deverá ser a mais complicada.
A nova câmera WFC3 e o espectrógrafo COS foram projetados para serem instrumentos científicos complementares aos já existentes no telescópio, entre eles a câmera ACS e o espectrógrafo STIS. No entanto esses instrumentos apresentaram algumas falhas nos últimos anos e peças específicas dentro deles precisam ser substituídas. O problema é que esses instrumentos não foram projetados para serem reparados no espaço.
Dezenas de Parafusos
Mesmo considerado um trabalho difícil, a equipe de Ceccacci tem confiança que a missão será realizada corretamente, mas todos sabem que não será fácil. Para consertar o espectrógrafo, por exemplo, será necessária a remoção de mais de 100 parafusos apenas para acessar a placa principal do computador, que será substituída.
Scott Altman, comandante da STS-125, acredita que essa missão será muito importante para adquirir prática em consertos espaciais. "Imagine uma missão a Marte. Você não vai querer levar uma caixa gigantesca de peças de reposição, quando apenas a troca de um pequeno transistor resolveria o problema".
Inspeção Externa
Durante a missão, não só as tarefas externas serão diferentes das tradicionais missões à ISS. Sem a ajuda da tripulação da Estação, a inspeção da proteção térmica deverá ser mais intensiva e feita por meios próprios. Para isso os astronautas usarão as câmeras e sensores acoplados ao braço robótico de 17 metros que inspecionará não apenas o nariz da nave, mas toda a fuselagem e extremidade das asas, além da parte superior e inferior da cabine.
Tripulação
O lançamento do ônibus Atlantis está previsto para o dia 8 de outubro às 02h34 da manhã e será comandado por Scott Altman e o piloto Gregory Johnson. A tarefa de conserto e upgrade do telescópio ficará sob responsabilidade dos especialistas Andrew Feustel, Michael Good, John Grunsfeld, Mike Massimino e Megan McArthur. Como em todas as operações da Nasa toda a missão será transmitida pela NASA-TV, retransmitida diariamente pelo ApoloChannel.
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