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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dióxido de carbono é descoberto em planeta distante

Katharine Sanderson
O dióxido de carbono, um dos sinais de que um planeta pode abrigar vida, foi detectado na atmosfera de um gigante gasoso orbitando uma estrela a 63 anos-luz da Terra.

Embora não exista a menor possibilidade desse planeta particular abrigar vida, a detecção de dióxido de carbono em sua atmosfera oferece uma esperança à sondagem de atmosferas de planetas mais parecidos com a Terra - impulsionando, portanto, a procura de vida fora do Sistema Solar.

O HD 189733b é um Júpiter quente - planeta similar em massa a Júpiter, mas que orbita muito mais próximo de sua estrela, portanto, muito mais quente. Giovanna Tinetti, da University College London, no Reino Unido, e seus colegas, mediram o espectro da luz que vem do lado claro do planeta pela técnica "trânsito secundário".

Ela envolve o registro do espectro de luz do planeta e sua estrela e, depois, do espectro apenas da estrela, quando o planeta não está visível. A diferença dos dois espectros é o espectro de luz que vem diretamente do planeta.

Tinetti usou a Câmera de Infravermelho Próximo e Espectrômetro Multiobjeto (Nicmos, na sigla em inglês) a bordo do Telescópio Espacial Hubble.

O que surgiu foi um espectro que, após ter suas partes de absorção e emissão separadas e comparadas a modelos teóricos, revelou a presença de dióxido de carbono na atmosfera do planeta.

"É um resultado animador", disse Tinetti. "É o primeiro espectro de infravermelho próximo de um planeta. Mesmo de um ponto de vista técnico, é um ótimo resultado".

Descoberta Espetacular"O dióxido de carbono é um dos quatro grandes biomarcadores para um planeta habitável, se não habitado," afirmou Alan Boss, do Departamento de Magnetismo Terrestre da Instituição Carnegie, em Washington, que não estava envolvido no estudo.

Os outros três são água, metano e oxigênio - e agora o oxigênio é o único que ainda não foi observado na atmosfera de um planeta fora do Sistema Solar. "Eles realmente acertaram em cheio", Boss disse sobre o resultado.

O instrumento Nicmos examina a parte infravermelha do espectro, enquanto estudos anteriores desse planeta com o Telescópio Espacial Spitzer focavam outras áreas do espectro, nas quais a presença de dióxido de carbono não podia ser constatada, como a região médio-infravermelha.

Esses diferentes instrumentos podem sondar diferentes camadas da atmosfera, de forma a colher uma imagem da química que acontece entre elas.

"É um conjunto de dados espetacular", garante Sara Seager, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Cambridge. "É impressionante que consigamos detectar moléculas em atmosferas exoplanetárias. A detecção de dióxido de carbono é particularmente surpreendente, porque se esperava que outras formas de carbono, como o monóxido de carbono e o metano, fossem dominantes nessa atmosfera quente e rica em hidrogênio".

Tinetti e seus colegas descartaram essa expectativa pela alta, e incomum, proporção carbono-oxigênio na atmosfera do planeta.

Boss ficou impressionado com o fato de, mesmo na mais baixa resolução desse espectro, o sinal do dióxido de carbono se manter tão claro. "É incrível o que você pode fazer com um telescópio como o Hubble, que nunca foi projetado para observações planetárias como essa", disse.

CautelaTinetti e sua equipe são cautelosos nas conclusões de seus resultados, mas esperam que, com mais observações, consigam descobrir se esse dióxido de carbono se origina de uma reação fotoquímica ou termoquímica.

Eles tiveram sucesso em calcular aproximadamente a abundância de dióxido de carbono da atmosfera em 0,00001 vezes a quantidade do gás mais abundante, o hidrogênio molecular. Os resultados foram apresentados em um encontro sobre moléculas em atmosferas de planetas extra-solares, ocorrido entre 19 e 21 de novembro em Paris, e serão publicados na Astrophysical Journal.

"O planeta que observamos não é nem de perto habitável", afirmou Tinetti, "mas todas essas medições nos dão a oportunidade de aprender".

Com esse aprendizado, os astrônomos serão capazes de avançar, encontrar e caracterizar planetas que são como o nosso. "Estamos extremamente próximos de encontrar um planeta com a massa da Terra", garantiu Tinetti.

Tradução: Amy Traduções

Fonte:Nature

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