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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nebulosas Precoces

 
Estrelas no centro de nebulosas planetárias podem ser mais jovens do que se imaginava, indica estudo realizado por cientistas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP

Determinar a idade das estrelas que se encontram no centro das nebulosas planetárias é um problema complexo para os astrônomos. Até agora não existe um método que possa ser aplicado de forma generalizada para fazer esses cálculos.

Depois de desenvolver e aplicar três diferentes métodos para calcular a idade dessas estrelas, um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que elas podem ser mais jovens do que se imaginava. Acreditava-se que a média de idade seria de 5 bilhões de anos, mas, na amostra estudada, a maioria das estrelas é mais nova.

Os primeiros resultados do estudo foram publicados no início de 2010 na revista "Astronomy and Astrophysics" e um novo artigo será lançado no início de 2011. A pesquisa é um dos resultados do Projeto Temático "Nebulosas fotoionizadas, estrelas e evolução química de galáxias", coordenado por Walter Maciel, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com Maciel, é importante compreender a dinâmica das nebulosas planetárias, já que elas desempenham um papel crucial na evolução das galáxias.

Quando uma estrela semelhante ao Sol consome todo o seu combustível, depois de funcionar por bilhões de anos como um imenso reator nuclear, seu interior entra em colapso. Sua parte externa, então, começa a ser ejetada, formando a chamada nebulosa planetária.

A nebulosa planetária dura pouco, em comparação aos bilhões de anos de vida da estrela: cerca de 20 mil anos. Mas, por liberar metais pesados e muitos outros elementos químicos no espaço interestelar, elas são consideradas objetos importantes para a evolução química das galáxias, segundo o professor.

Maciel explicou que, ao observar a nebulosa, não se pode detectar a idade da estrela em seu interior. Não há um método aplicável a todos os casos e a maioria dos métodos disponíveis é eficiente apenas para estrelas muito jovens. No caso de estrelas mais velhas, com idades próximas à do Sol - ou seja, de 4 a 5 bilhões de anos -, os resultados são muito incertos.

Um quarto método está sendo desenvolvido, com base nos dados cinemáticos das estrelas de nebulosas planetárias - isto é, nas informações que relacionam idade e movimento estelar. "Faremos a aplicação desse método em uma amostra maior, de 700 estrelas", disse.

O ideal, segundo Maciel, seria calcular a idade exata de cada estrela individualmente, mas as divergências entre os métodos dificultam a tarefa. As estrelas estudadas se encontram no disco galáctico, a região da galáxia na qual se encontra o Sistema Solar. 

O artigo "Age distribution of the central stars of galactic disk planetary nebulae" (doi: 10.1051/0004-6361/200912499), de Walter Maciel e outros, pode ser lido por assinantes da "Astronomy and Astrophysics" em www.aanda.org/articles/aa/abs/2010/04/aa12499-09/aa12499-09.html

(Fábio de Castro)

(Agência Fapesp, 10/12)

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