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segunda-feira, 31 de março de 2008

O início de tudo

Victor Alencar

Astrônomo amador

Desde os tempos mais remotos, o homem tenta explicar o que se encontra ao seu redor. Isso aconteceu com os homens das cavernas, atribuindo fenômenos naturais à fúria de seus Deuses e fabricando toda uma rede entrelaçada de lendas contando as "verdades" do seu povoado a respeito dos mais variados temas, como a origem de tudo.

Para todo o progresso é necessária a existência de indagações. O primeiro passo (não intencional) da ciência sobre o nascimento da concepção do Big-Bang veio daí. Até 1925 havia um impasse com relação à definição de galáxia deixando a comunidade científica dividida. De um lado, a suposição de que as galáxias eram objetos interiores à Via Láctea (a nossa galáxia), do outro lado, a hipótese de que galáxias eram objetos como a Via Láctea, estando fora da mesma. Essa discussão só terminou quando o astrônomo Edwin Hubble (o telescópio espacial recebe esse nome em sua homenagem) calculou a distância delas até nós e concluiu que elas estavam muito longe da nossa galáxia e que todas se moviam cada vez mais rápidas à medida que estavam mais longe.

A experiência de Hubble mostrou que as galáxias estão se afastando, assim, o Universo inteiro estava em expansão, mas se hoje ele está se expandindo significa que um dia ele já esteve contraído! Foi essa a conclusão do padre belga Georges Lemaõtre em 1927, lançando a idéia de que toda a matéria do Universo ficou concentrada em um espaço da cabeça de um alfinete (uma singularidade) que ficou conhecida como átomo primordial tendo a pressão, a temperatura e a densidade elevadíssimas.

Em 1948 veio uma das principais provas da Grande Explosão. Décadas antes, George Gamow, físico russo naturalizado americano, disse que após o "bang" do Big-Bang, só havia energia, e que ela havia se convertido em matéria. Mas uma parte da energia primordial se conservou até hoje. Esse "eco" do Big-Bang (que foi originado a 380 mil anos após o Big-Bang) é o que chamamos de Radiação Cósmica de Fundo em Microondas.

Havia previsões de como seriam as suas características, porém não se havia comprovado a sua existência até que dois cientistas da empresa Bell Telephone, Arno Penzias e Robert Wilson, procurando diminuir as interferências externas de suas antenas, perceberam que havia um "chiado" durante todo o tempo. Muitas foram às tentativas de solucionar o problema, encarado a princípio como excremento de pombo (o que lhes renderam varias lavagens a antena de radio da empresa).

Esse sinal extraterrestre tinha freqüência bem definida e uma temperatura baixíssima que se encaixavam perfeitamente nas previsões de Gamow, havendo à descoberta da Radiação Cósmica de Fundo e rendendo aos cientistas da Bell Telephone o Premio Nobel de Física, deixando Gamow sem nenhum reconhecimento por teorizar uma das provas irrefutáveis do Big-Bang. Após o Big-Bang, toda a energia começou a se organizar e se transformar no seu estado condensado: a matéria. Daí em diante ocorreu à organização das partículas elementares em elementos químicos, começando a surgir à matéria como conhecemos.

Porém por mais certeza que os astrônomos tenham sobre a existência do Big-Bang não há certeza a respeito da sua origem. A ciência avança cada vez mais no passado em busca de um instante primordial, porém ainda não podemos afirmar como seria o "dedo de Deus" que deu o início à criação de tudo o que conhecemos.

Victor Alves Alencar é astrônomo amador, ganhou medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), é o único representante cearense nas Eliminatórias Nacionais para as Olimpíadas Internacionais de Astronomia e Astrofísica.

E mais:
O estudante e astrônomo amador Victor Alencar ministrará palestra sobre a versão científica da criação na próxima quarta-feira, dia 2, às 18h30min, no auditório do quarto andar do colégio 7 de Setembro - sede Nila Gomes Soáres (av. do Imperador, 1330 - Centro)

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