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sábado, 5 de abril de 2008

ASTRONOMIA E O CÉU DA BANDEIRA NACIONAL
Nelson Travnik

Em 2009 estaremos lembrando 120 anos da criação da nossa Bandeira. Poucos entretanto conhecem sua história e o papel da astronomia na sua confecção.
O firmamento sempre exerceu fascínio e tem sido fonte permanente de inspiração para a humanidade. Com o progresso das cidades veio a poluição luminosa. A era industrial inundou o céu com a fumaça das fábricas. Nosso cotidiano ficou mergulhado em luzes artificiais,poeira, gases e por isso há muito as pessoas deixaram de contemplar o céu. Justamente a história nos mostra que graças a observação sistemática do céu,conquistamos conhecimentos físicos e matemáticos que nos ajudaram a chegar tão longe. Todas as nações sabem disso e algumas delas expressaram esse significado em seus símbolos nacionais. Bandeiras como a do Uruguai e Argentina exibem um glorioso Sol com expressão humana. O Japão também representa o astro-rei com a simplicidade que o fez conhecido como “país do Sol nascente”. A Lua Crescente ou Minguante estilizada ao lado de estrelas está presente em muitas bandeiras. Outras vezes vemos constelações inteiras como é o caso do Cruzeiro do Sul nas bandeiras do Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Samoa Ocidental e Papua-Nova Guiné.

UM CÉU DE PURÍSSIMO AZUL

A Bandeira do Brasil é uma das mais belas e sugestivas do mundo e também a única que apresenta grande parte do firmamento que envolve a Terra. É a mais completa ilustração já imaginada para uma bandeira nacional. O círculo interno em azul corresponde a uma visão da esfera celeste, inclinada segundo a latitude do Rio de Janeiro às 08h30 do dia 15 de novembro de 1889, data e local da Proclamação da República. Nesta hora, a constelação do Cruzeiro do Sul encontrava-se no meridiano do Rio de Janeiro. Qualquer carta celeste nos mostra isso. A nova Bandeira foi estabelecida através do Decreto nº 4 de 19/11/1989,redigido por Rui Barbosa e assinado por : Marechal M.Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório, Quintino Bocaiuva, Aristides da Silveira Lobo, M. Ferraz de Campos Sales, Beijamim Constant Botelho de Magalhães, Eduardo Wandenkolk e Rui Barbosa.

ERROS DE ASTRONOMIA

O primeiro aspecto que chama a atenção é que o céu da Bandeira está representado às avessas, como fosse visto através de um espelho ou de um observador fora da esfera celeste. Ninguém observa essa visão do céu e nunca ninguém observou. Se você olhar para o céu este mês dos dias 7 a 14 a partir das 23h00 terá o céu que corresponde às 08h30 do dia 15 de novembro. Ao conferir a posição das estrelas vai achar estranho pois elas não coincidem com as estampadas na Bandeira. Isto está mais evidente na constelação do Cruzeiro do Sul com a posição da estrela epsilon (popularmente conhecida como intrometida), a menos brilhante e que representa o Estado do Espírito Santo. Está invertida. Outros países como Austrália, Samoa Ocidental e Papua-Nova Guiné têm em suas bandeiras o Cruzeiro do Sul na posição correta. Outro erro é o fato das estrelas não coincidirem em suas posições e magnitude aparente. É o caso da constelação do Escorpião que não é possível pela posição verificar quais sejam as estrelas escolhidas tão erradas estão. Por último temos o caso da faixa ‘Ordem e Progresso’ que alguns afirmaram tratar-se do Equador Celeste e outros da Eclíptica, faixa zodiacal onde se deslocam o Sol e a Lua. Do ponto de vista da astronomia não pode ser nem uma nem outra. Para ser Eclíptica a estrela Spica, alfa da constelação da Virgem e que representa o Estado do Pará,teria que ficar abaixo dela e a estrela beta do Escorpião (Maranhão), acima. Essas posições equivalem também para o Equador Celeste. Na época, baseado nesses fatos,Eurico de Góes declarou que o pintor Décio Villares ao desenhar a Bandeira não interpretou convenientemente o Decreto nº 4 que exigia que as estrelas fossem dispostas na sua situação astronômica quanto à distância e ao tamanho relativo. Na época a questão foi debatida democraticamente nos jornais,na tribuna do Congresso e até o povo foi chamado a dar sua opinião. Como era de esperar, várias consultas foram feitas pelos adversários da nova Bandeira aos astrônomos do Observatório Nacional e mediante um questionário dirigido por Eurico Góes ao astrônomo Henrique Morize, as respostas evidenciaram erros e falhas astronômicas bem como inobservância ao que determina o Artigo 4. Ficou patente a posição dos astrônomos em que a representação do céu na Bandeira deveria concordar com que se observa.

O QUE FAZER ?

Não há nada que justifique imaginar um observador fora da esfera celeste,contrariando aquilo que o céu nos apresenta. Fica evidente que foi cometido um erro elementar de astronomia e na ocasião os legisladores procuraram amenizar apresentando justificativas para convencer os leigos. Uma dessas explicações por sinal muito curiosa e que chegou a constar de livros e revistas dizia que o aspecto do céu visto às 08h30 do dia 15 de novembro de 1889 seria aquele refletido nas águas da baia da Guanabara! É difícil entender por que a questão do aspecto do céu na Bandeira não foi encaminhada aos astrônomos do Observatório Nacional para deliberar e que estavam ali,bem próximos! Ao tecer essas considerações muitas vezes colocadas, há um consenso de que não haveria nenhum inconveniente em corrigir a posição das estrelas e a posição da faixa que passaria a ser a Eclíptica; nossa Bandeira não iria sofrer grandes alterações e continuaria a ser uma das mais bonitas do mundo. Contudo, depois de tantos anos e calorosos debates que certamente adviriam, o mais sensato é deixar a Bandeira como está. Vamos considerar então que tudo é simbólico e as estrelas nas constelações estão como se fossem atiradas ao acaso sem que isto vá influir na ordem reinante do firmamento. “Cientes de que nada é perfeito, orgulhamo-nos de que a nossa Bandeira contenha lineamentos fundamentais da cultura humana, segmentos de nossa História e projetos permanentes de realizações futuras. A Bandeira ai está, mais gloriosa do que nunca” (Raimundo Olavo Coimbra).

Um comentário:

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