(AFP / JB) A sonda Phoenix da Nasa enviou, nesta segunda-feira, fotos inéditas do Pólo Norte de Marte, após uma aterrissagem quase perfeita, como parte da missão mais ambiciosa já realizada até hoje em busca de sinais de possíveis formas de vida passadas, ou presentes, no Planeta Vermelho.
As fotos dão uma idéia inicial das planícies do Ártico do planeta: uma paisagem desolada, de solo pedregoso e congelado.
- Podemos ver rachaduras nas depressões que nos fazem pensar que o gelo ainda modifica a superfície - disse Peter Smith, da Universidade do Arizona, principal pesquisador do projeto Phoenix.
- Vemos rachaduras novas. Não podem ser antigas pois estariam cobertas - pela poeira marciana.
As imagens também confirmaram que os painéis solares indispensáveis para a provisão de energia à sonda foram instalados corretamente - 30 horas depois as baterias da nave se esgotariam. As fotos mostraram ainda que os mastros da câmera e a estação climática ficaram em posição vertical, como planejado.
Nas fotos, pode-se ver também as marcas da sonda na superfície, assim como desenhos em forma de polígono no solo, similares aos das regiões árticas da Terra.
- Estou absolutamente pasmo. Não tenho palavras - disse Barry Goldstein, diretor do projeto Phoenix no Jet Propulsion Laboratory (JPL), em Pasadena, Califórnia, onde está o controle da missão.
- Ver essas imagens após uma aterrissagem bem-sucedida reafirma o trabalho consciente nos últimos cinco anos de uma grande equipe - destacou Goldstein.
Enquanto segue enviando imagens do centro de controle de Pasadena, a sonda realiza testes de funcionamento com vários de seus instrumentos e sistemas.
Após uma viagem de nove meses, na qual percorreu 679 milhões de quilômetros, a sonda Phoenix pousou em uma área relativamente plana, segundo Goldstein.
Sinais de rádio recebidos no domingo às 19h53 (20h53 de Brasília) confirmaram que a nave havia sobrevivido à sua difícil descida final.
- Pela primeira vez em 32 anos, e somente pela terceira vez na história, uma equipe do JPL conseguiu realizar uma aterrissagem suave em Marte - disse, em uma nota, o diretor da Agência Espacial Americana, Nasa, Michael Griffin, classificando a façanha de "incrível".
Como estava planejado, a Phoenix deixou de transmitir sinais um minuto depois de aterrissar e centrou sua energia limitada na abertura de seus painéis solares e na realização de outras atividades críticas.
Ainda resta uma importante tarefa, que é o uso do braço robótico da nave, planejado para terça-feira.
Esse braço articulado de 2,35 metros de largura foi desenhado para cavar até atingir uma profundidade de um metrô em busca de gelo e para aquecer amostras, visando a detectar carvão e moléculas de hidrogênio essenciais para a vida.
Também tem uma pequena câmera que captará imagens da área em torno da sonda e das amostras recolhidas pelo braço.
A Phoenix tem ainda outra câmera, que a Nasa considera seus "olhos", na superfície da sonda, que lhe permite captar imagens panorâmicas de alta definição.
A qualidade de definição dessa segunda câmera ajudará os cientistas na Terra a terem imagens em três dimensões do trabalho realizado pelo braço robótico.
Também pode ser girada para captar imagens que forneçam informações sobre as partículas atmosféricas.
A Phoenix cavará na superfície marciana por três meses. Dado que a região polar de Marte está sujeita a mudanças de estação, os cientistas acreditam que, assim como na Terra, o ártico marciano pode esconder o registro de um clima mais quente e habitável.
- Nossa missão é cavar - disse Peter Smith antes da aterrissagem.
- Acreditamos que a matéria orgânica tem de ter existido pelo menos em uma época - produto de meteoritos e outros impactos, acrescentou, explicando que a presença de água líquida e matéria orgânica significaria que foi uma "zona habitável".
A Phoenix não estará sozinha. A Nasa também tem os robôs Spirit e Opportunity em solo marciano, que exploram a zona equatorial do Planeta Vermelho desde 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário