(Fapesp) Trazer o Universo para o computador é a função do LSST (Large Synoptic Survey Telescope, na sigla em inglês). Planejado para entrar em plena operação em 2015, esse telescópio terrestre com espelho primário de 8,4 metros de diâmetro será capaz de mapear e escrutinar todo o céu noturno, pelo menos duas vezes por semana.
O resultado será a produção de imagens nunca vistas, capturadas com uma câmera digital de 3 bilhões de pixels, a maior do tipo no mundo. A câmera será capaz de registrar imagens de objetos que se movem muito rapidamente, como asteróides, e sondar os mistérios da energia escura que domina o Universo.
O diferencial é que essas imagens passarão do telescópio direto para uma base de dados instalada em supercomputadores. Talvez por isso o projeto, orçado em US$ 400 milhões, tenha atraído a atenção de parceiros como o Google ou o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, que doou US$ 30 milhões.
A idéia dos responsáveis pelo LSST é processar a informação gerada, analisá-la e torná-la disponível em tempo real a pesquisadores e ao público geral em todo o mundo.
“Devido à grande quantidade de dados armazenados, o usuário comum não poderá levá-los para seu computador e usar seus softwares sobre eles. Cada fotografia produzirá, em dados, o equivalente ao conteúdo de um DVD. Com essa massiva quantidade de dados produzida, serão precisos recursos computacionais de maior porte para efetuar o armazenamento. Isso será feito em nossos centros de processamento”, disse Jeffrey Kantor, responsável pelo gerenciamento de dados do projeto, à Agência FAPESP.
O LSST tirará uma foto a cada 20 segundos. Em uma noite, serão gerados 15 terabytes (trilhão de bytes) de imagens; em um ano, serão 7 petabytes (quatrilhão). “Como a quantidade de dados gerada pelos grandes telescópios tem se tornado maior que a capacidade humana e computacional de processá-los e de analisá-los, teremos dois supercomputadores, um para um processamento rápido e outro para análises científicas mais profundas”, explicou.
O telescópio será construído em Cerro Pachón, no Chile. Câmera, lentes e filtros custarão US$ 200 milhões. Os sistemas computacionais e softwares consumirão quantia equivalente. Uma parte substancial do orçamento para o gerenciamento de dados está reservada para prover formas de torná-los disponíveis aos usuários.
“O maior problema é a lacuna ainda existente entre a rede e a memória, e entre a memória e a CPU. Nesses sistemas de informação massiva, para manter os processadores ocupados, funcionando, temos que alimentar os bancos de dados rapidamente”, disse Kantor.
“ Muito da ciência que desenvolveremos será feita no computador. Em um telescópio ou observatório tradicional o dado é produzido e levado para casa. No nosso caso, todos os dados estarão lá no computador, disponíveis para qualquer interessado no mundo”, afirmou.
Um grupo de 19 universidades e laboratórios norte-americanos públicos e privados participa do projeto que, até o momento, recebeu cerca de US$ 55 milhões de diversas fontes. “O que torna o LSST diferente, e de certo modo atrai parceiros, é o nosso objetivo de organizar a massiva quantidade de dados que será produzida de modo a torná-la útil”, ressaltou Kantor.
Mais informações: www.lsst.org
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