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sexta-feira, 18 de julho de 2008

Impacto de Tunguska: novos estudos confirmam teoria do meteoro

(Apolo 11) Ocorrido há 100 anos, o evento de Tunguska ainda é motivo de debates acalorados entre leigos e pesquisadores, mas é praticamente certo que o que ocorreu naquela manhã de 30 de junho de 1908 no centro-norte da Sibéria tenha sido de fato causado pelo impacto de um grande meteoro contra a atmosfera terrestre. Na ocasião, mais de 2 mil quilômetros de florestas foram completamente devastados por um possível meteoro de 110 toneladas.


Fotografia feita no ano de 1927 pelo professor Leonid Kulik. A cena mostra a massiva destruição da floresta 20 anos após o evento. Crédito: Wikimedia Commons.

Na última segunda-feira, 14 de julho, um grupo de cientistas europeus confirmou ter encontrado evidências de alta concentração de chuva ácida na região do desastre siberiano, o que parece confirmar ainda mais a teoria do impacto espacial.


A conclusão dos pesquisadores está baseada no estudo do perfil de amostras de turfas retirados da região do desastre. Nas amostras, mantidas intactas pelo gelo permanente, foram encontrados elevados níveis de nitrogênio pesado e isótopos de carbono, 15N e 13C, sendo que as maiores concentrações foram medidas nas áreas do epicentro da explosão e ao longo da suposta entrada do objeto cósmico.

De acordo com o grupo de estudiosos, as altas concentrações de Iridium e nitrogênio verificadas sustentam teoria de que os isótopos descobertos são conseqüência direta do evento de Tunguska e são em parte de origem cósmica.


Chuva Ácida


Segundo o estudo, estima-se que pelo menos 200 mil toneladas de nitrogênio foram precipitadas sobre a região de Tunguska no momento do impacto. "A fulgurante entrada espacial produziu temperaturas extremamente altas. O oxigênio na atmosfera reagiu com o oxigênio produzindo uma grande quantidade de óxidos de nitrogênio", disse Natalia Kolesnikova, ligada à Universidade de Moscou e uma das autoras do estudo.



Amostras


As amostras de turfas foram coletadas durante duas expedições realizadas em 1998 e 1999 e foram submetidas à análise nos laboratórios da Universidade de Bologna, Itália, e no Centro Experimental de Helmholtz, na Alemanha.

A turfa é um material esponjoso, mais ou menos escuro, constituído de restos vegetais em variados graus de decomposição, e que se forma dentro da água e em lugares pantanosos, onde é escasso o oxigênio. É muito freqüente nas regiões de temperatura mais baixa, como na região do impacto.



Processos Extraterrestres


De acordo com Evgeniy Kolesnikov, especialista em isótopos e estudioso do caso há mais de 20 anos, o nível de acumulação de carbono 13C medido nas amostras de trufas de 1908 não pode ser explicado por nenhum processo terrestre e sugere que a catástrofe de Tunguska tenha realmente origem cósmica.

Segundo Tatjana Böttger, ligada ao centro Helmholtz, a causa mais provável seria o impacto de um asteróide do tipo-C como 253 Mathilde ou até mesmo um cometa, como Borelly.




No detalhe, a mesma cena, fotografada 60 anos depois pelo cientista Evgeniy Kolesnikov. Crédito: Evgeniy M. Kolesnikov/ Lomonosov-Universidade de Moscou.

O Impacto

Estima-se que o asteróide, de 110 toneladas, entrou na atmosfera terrestre a 54 mil km/h e durante sua rápida imersão aqueceu o ar ao seu redor a uma temperatura de 24000 ºC. A combinação de pressão e calor provocou a fragmentação da rocha, produzindo uma bola de fogo que liberou energia equivalente à explosão de 185 bombas de Hiroshima.

Segundo relatos da época, a luminosidade causada pela entrada espacial foi tão intensa que durante os dois dias seguintes era possível ler livros na cidade de Londres, há 10 mil quilômetros de distância. Modelos matemáticos recentes mostram que a onda de choque criada na hora do impacto circundou a Terra por duas vezes através da atmosfera.

Devido à rotação da Terra, se o meteoro tivesse atingindo a atmosfera 5 horas mais tarde destruiria por completo a cidade de São Petersburgo, na época capital do Império Russo.

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