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quarta-feira, 22 de julho de 2009

BRASIL COLABOROU NAS MISSÕES APOLLO


Fotos: (À esquerda) Nelson Travik exibindo comprovande de fornecimento de água para os astronautas da Apolo 11; (À direita) Cláudio Pamplona trabalhando durante a descida da Apolo 11, colaborou patrulhado TLP's.


Artigo enviado ao CASF por Nelson Travnik


Em 20 de julho de 1969, o mundo assistiu pela TV o primeiro pouso do ser humano na Lua. Aproximadamente 550 milhões de telespectadores na 1ª transmissão ao vivo via satélite puderam acompanhar o momento histórico em que, descendo do módulo lunar “Águia”, Neil Armstrong exatamente às 23:56:20 (horário de Brasília) pisava o solo lunar seguido por Edwin Aldrin Júnior. O mundo parou para ouvir de Armstrong suas primeiras palavras: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Cumpria-se assim as palavras do russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovski, o Pai da Astronáutica : “A Terra é o berço do homem que não pode viver eternamente no berço”. A chegada à Lua deixou um rico legado para o desenvolvimento cien tífico e tecnológico proporcionando inúmeras mudanças no dia-a-dia da humanidade. Os detalhes dessa epopéia são bastante conhecidos. Contudo poucos conhecem a participação brasileira nas missões Apollo: uma científica e outra material.


CONTRIBUIÇÃO CIENTÍFICA


Era sobejamente conhecido a existência de certos fenômenos de curta duração, os TLP’s – Transient Lunar Phenomena, Fenômenos Transitórios Lunares, relatados por inúmeros observadores. De fato, a própria NASA em sua publicação “Cronological Catalog of Reported Events”, código TR R-277, julho 1968, realizou amplo levantamento enumerando do ano 1540 a outubro de 1967 nada menos que 579 relatos de fenômenos diversos observados na Lua. Note-se que somente a partir de 1609 uma luneta foi direcionada ao céu e portanto antes dela, dois eventos de extraordinária magnitude foram descritos à vista desarmada no lado escuro da Lua o que nos conduz a crer no impacto de um cometa ou meteoro. Os relatos descreviam na sua maioria fenômenos com o: brilho inusitado ou pulsante, obscurecimento, avermelhamento e até mesmo emanação gasosa. Este último o mais raro e difícil de ser detectado foi observado e na ocasião feito um espectrograma na cratera Alphonsus em 1958 pelo astrônomo russo Nikolai A. Kozyrev (1908-1983). Um outro similar foi registrado por mim e meu colega Sergio Vianna no Observatório Flammarion de Matias Barbosa,MG, através de filtros seletivos na cratera Ptolemaeus das 00h45 às 01h30 TU do dia 14 de abril de 1970 na época de intensivas observações durante a missão Apollo 13. Em nosso relatório a Smithsonian Institution - Center for Short-Lived Phenomena, a descrevemos como uma espécie de ‘bruma luminescente’, provavelmente emanação gasosa. Como sabido esta missão foi a única abortada a caminho da Lua e mais tarde o dramático episódio que quase causou a morte dos três astronautas foi levado as telas.


NASA CRIA REDE INTERNACIONAL DE OBSERVADORES


Uma vez que não se conhecia uma explicação científica satisfatória para esses fenômenos em um astro então considerado morto e diante que algo poderia acontecer as tripulações das naves quando estas estivessem para alunissar, a NASA-JPL achou por bem criar uma rede internacional de observadores encarregados de patrulhar nosso satélite intensivamente. Viu-se então criado o programa ‘LION’ – International Observers Network, Rede Internacional de Observadores Lunares, coordenado pela Dra. Bárbara M. Middlehurst. Em 1968 ela esteve no Rio de Janeiro nomeando o renomado astrônomo Ronaldo R. F. Mourão para coordenar o programa LION no Brasil. A equipe inicial contou então com os cinco mais experientes observadores: Rubens de Azevedo e Jean Nicolini (já falecidos), José M.L.da Si lva, Cláudio Pamplona e Nelson Travnik. Desta equipe outros astrônomos foram treinados e integrados na técnica dessas observações e até a missão Apollo 13 somavam-se já 23 participantes. Da missão Apollo 8 até a 13 foram feitos 63 relatos. No intuito de uma análise meticulosa dos mesmos fui designado pelo Dr. Ronaldo R.F.Mourão em oficio de 18/11/1971, de fazer uma avaliação das três observações mais importantes em território nacional. O resultado foi publicado em 1972 pela Universidade do Sertão, convênio FPI.INDEP. Ao final deste trabalho feito no Brasil e em muitos países ficou a pergunta : A Lua é realmente um astro morto?


CONTRIBUIÇÃO MATERIAL


Outra colaboração brasileira as missões Apollo e até certo ponto curiosa e veio de uma cidade do Estado de São Paulo: Águas de Lindóia. A NASA após pesquisar em diversas fontes de águas minerais no mundo, optou pela água dessa cidade por ser detentora das maiores propriedades diuréticas e elevado nível de radioatividade. A nota fiscal nº 20.218 de 02/04/1969 da extinta Cervejaria Amazonas Ltda, distribuidora no Rio de Janeiro, consta a aquisição pela NASA de 100 dúzias de recepiente de ½ L da água mineral Lindóia Carrieri. Na nota consta o envio pelo Aeroporto Santos Dumont ao Centro Espacial Kennedy. A nota original encontra-se exposta na Prefeitura Municipal desta cidade.


Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba, astrônomo fundador do Observatório Municipal de Americana e atuou de 1977 a 1996 no Observatório Municipal de Campinas “Jean Nicolini”.

Um comentário:

Nayeli disse...

Até agora a única participação brasileira divulgada pela mídia foi a ida de Marcos Pontes ao espaço u.u... é bom ver que nosso país não está tão "isolado" desse tipo de estudo e dos acontecimentos astronomicos =D
^^