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terça-feira, 20 de julho de 2010

E a bandeira na Lua?


A cada ano que se distancia do primeiro pouso lunar, mais polêmicas surgem sobre a ida do homem à Lua. Apesar de quase 400 kg de amostras de poeiras e rochas lunares das seis missões tripuladas, de invenções e adaptações de tecnologias para esse intento, que levou quase uma década com os projetos Mercury, Gemini e o programa Apollo, comida desidratada, monitoramento médico à distância, tintas especiais, mantas térmicas, baterias, microcomputador, ainda surgem discussões com “provas” de que o homem não foi à Lua por sua incapacidade. Falta de conhecimento básico de física, química e biologia estudada nas escolas? Há provas da ida do homem à Lua? Quem se interessa pelo assunto, basta pesquisar em sites sérios e buscar fontes fidedignas. Mas há quem, para acreditar, precisa ver o jipinho na Lua, as naves e até mesmo uma das bandeiras ali deixadas.

Uma das perguntas que superam a todas quando apontamos o telescópio para a Lua nas visitas ao Observatório, refere-se à bandeira deixada pelos astronautas americanos das missões Apollo. Seis missões tiveram sucesso com pouso garantido na superfície lunar. A primeira delas, em julho de 1969 e a última, encerrada em 19 de dezembro de 1972. No dia 20 de julho de 1969 às 17h 17min pousava na Lua um artefato humano com dois tripulantes. Seis horas e 39 minutos depois, pisava na superfície lunar Neil Armstrong e, mais 29 minutos, Edwin Aldrin.

Quanto à bandeira? Não dá para ver por telescópio comum. Nenhuma das bandeiras (que tinham pouco mais de 1 metro, ou 125 cm), ou os trens de pouso das naves que lá ficaram (de 4,3 metros de largura), muito menos os Lunar Rover, de 3,1 metros (jipes lunares deixados pelas Apollo 15, 16 e 17) podem ser vistos aqui da Terra com telescópios comuns. Seria necessário um telescópio de 200 metros de diâmetro só para ver a bandeira, que seria um pequeno risco, por ser vista de cima. Recentemente algumas missões do satélite Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA (ou LRO) e até o Telescópio Espacial Hubble fizeram algumas fotos das regiões onde pousaram as Apollo. Para isso utilizaram outras tecnologias, como as câmeras ultravioleta do Hubble. Na foto aqui reproduzida, a cratera Little West tem 33 metros de diâmetro. Dá para ver o trem de pouso do módulo lunar como um pequeno objeto... Imagine a bandeira! Sobre as fotos dos locais de pouso das Apollo você pode ver mais em:
http://www.nasa.gov/mission_pages/apollo/revisited/index.html. Há uma foto excelente do local de pouso da Apollo 17 feita pelo Hubble mostrando até o Rover.

A bandeira tinha uma barra horizontal telescópica para deixá-la estendida, e na base do módulo da Apollo 11 havia uma placa com a frase "Aqui homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua, julho de 1969, AD. Viemos em paz por toda a humanidade". Mais detalhes sobre a bandeira você encontrará em: http://www.jsc.nasa.gov/history/flag/flag.htm. Pode-se também fazer um passeio virtual na superfície lunar com o Google Earth.

Sobre toda a engenharia envolvida no processo de ida do homem à Lua, não foi da noite para o dia que se resolveu todas as dificuldades e adaptações tecnológicas, que ainda hoje são usadas na medicina, na engenharia e no nosso cotidiano. A ida à Lua faz parte de um longo processo histórico que envolveu a ciência e a tecnologia (e nesse caso a disputa entre dois países na época da guerra fria), são os passos naturais de nossa civilização.

E não para por aqui. Esses passos continuam com a evolução de novas agências espaciais, como a européia, a japonesa, a chinesa, a indiana e a brasileira. É uma questão de tempo (e orçamento) o homem voltar à Lua, há projetos para uma ou duas décadas. Vamos acompanhar com a paciência que a história da humanidade exige.

Prof. Heliomárzio R. Moreira
Astrônomo Amador da
Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia (SBAA), do 
Clube de Astronomia de Fortaleza (CASF) e
Coordenador do Observatório Astronômico do Colégio 7 de Setembro.

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