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sábado, 23 de julho de 2011

20 ANOS SEM JEAN NICOLINI (1922-1991)





Por: Nelson Travnik

Seu nome está perpetuado no Observatório Municipal de Campinas,SP, na rodovia Americana-Nova Odessa,SP, no Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, 2ª  edição de Ronaldo R.F. Mourão e na galeria dos laureados pela Sociedade Astronômica da França, SAF.

FATALIDADE

Mal podíamos acreditar nas noticias vindas de Americana,SP, naquela tarde de 23 de julho de 1991.  Ao se dirigir ao Observatório Municipal de Americana que ele ajudou a fundar em 1985, já na entrada da cidade, seu Volkswagen teve o pneu traseiro furado fazendo com que colidisse violentamente de encontro a mureta de concreto de uma ponte. Pessoas que acorreram ao local já o encontraram morto. Com 69 anos, em pleno auge de sua produção científica e pedagógica Nicolini se despedia do nosso convívio.

UMA VIDA DEDICADA A ASTRONOMIA

Leitor voraz de história antiga e arqueologia, astronomia contudo era a razão de sua existência, o Sol que banhava sua fronte. Em 15 de outubro de 1948 com 26 anos, Nicolini fundava em São Paulo na Vila Olímpia o seu Observatório do Capricórnio. Mais tarde ele seria transferido para Atibaia e por fim em 1976 incorporado por convênio ao  Observatório Municipal de Campinas. Fui então na ocasião convidado por Nicolini com o endosso do prefeito Lauro P. Gonçalves, amador de astronomia, para trabalhar em Campinas.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA – HOMENAGENS

Por suas observações dos planetas Vênus e Marte foi laureado pela SAF com o premio “George Bidault d’ Isle”  consistindo em uma medalha de prata entregue em sessão solene no auditório do Planetário do Ibirapuera,SP, pelo astrônomo francês Delhave. Participou como membro ativo das SAF, ALPO, BAA e colaborou com o Observatório de Meudon, França, na determinação do período de rotação de Vênus. Participou do “International Mars Comitee” em 1954 para elaboração do mapa meteorológico de Marte. Desde 1961 até 1991 foi “Standard Observer” pela AAVSO. Foi observador credenciado pela NASA-JPL e o Smithsonian Institution no projeto “LION” para observação de TLP’s durante o projeto Apollo. Publicou dois livros : ‘Marte, o planeta do Mistério’ e ‘Manual do Astrônomo Amador’, editora Papirus, este último ainda hoje uma referência para os astrônomos amadores . Desempenhou inúmeros cargos em associações nacionais e internacionais.

UM GRANDE INCENTIVADOR

Nicolini foi co-fundador da Associação de Amadores de Astronomia de São Paulo, AAA, (1949), da Sociedade Interplanetária Brasileira, SIB, (1952), da Sociedade Brasileira de Selenografia, SBS, (1956), e da União Brasileira de Astronomia, UBA, (1970). Entre seus maiores colaboradores  destacavam-se Rubens de Azevedo, Rômulo Argentiere e Frederico Funari.

Graças ao seu conhecimento e atenção com todas as pessoas que o procuravam, despertou inúmeras vocações. Nunca deixava de responder uma carta. Uma das mais profícuas foi aquela que motivou o físico Rogério Marcon da Unicamp a se dedicar a heliofísica tornando um dos maiores pesquisadores brasileiros nessa área. Marcon criou mais tarde o seu Observatório Solar B. Lyot dedicado a memória de Nicolini. Soube como poucos honrar com seus trabalhos a ciência astronômica. Seu nome continua sendo uma referência e um exemplo para todos os discípulos de Urânia. Dizem que ao lado de um grande homem está uma grande mulher. Jean era casado com Áurea Nicolini, esposa devotada e fiel colaboradora. Teve dois filhos : Ulisses, já falecido e Leonardo.


Nelson Travnik é astrônomo nos observatórios municipais de Americana e Piracicaba e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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