(Panorama Espacial) Para alguns, imaginar a tarefa de se localizar sobre a Terra há alguns anos, sem equipamentos de GPS, é quase impossível. Afinal, esses aparelhinhos permitem, só de olhar, conhecermos nossa posição exata sobre qualquer ponto do planeta, além de fornecerem mapas cada vez mais detalhados do terreno ao redor.
Há dez ou quinze anos, para sabermos nossa posição eram necessários uma série de dados, entre eles mapas, bússolas, transferidores, réguas e uma boa dose de conhecimento do uso desse material. Além disso, a precisão da informação era bem menor que a obtida atualmente. Se voltarmos no tempo 100, 200 ou até 500 anos veremos que os exploradores do passado eram pessoas bastante conhecedoras das suas tarefas e tinham um grande conhecimento sobre como se localizar.
Com o crescente interesse dos países desenvolvidos em reconquistar a Lua e ali construir bases permanentes, o problema de se localizar com precisão voltou a rondar a cabeça dos cientistas. Afinal, como os astronautas saberão onde estão se na Lua não têm GPS?
Para solucionar esse problema, um grupo de cientistas ligados à Universidade de Ohio, EUA, estão desenvolvendo uma nova tecnologia que deverá auxiliar os astronautas a navegar na Lua e é baseada na mesma empregada nos jipes-robôs que hoje navegam na superfície de Marte.
Sem GPS
Como a colocação de dezenas de satélites em órbita da Lua, a exemplo do GPS, é financeiramente inviável, o sistema proposto será baseado em uma série de tecnologias que envolve desde a emissão de rádio-sinais da superfície da Lua até câmeras em três dimensões e sensores orbitais de imagens. Para o desenvolvimento a Nasa está injetando a quantia de 1.2 milhão de dólares pelos próximos três anos.
"Quando estiver pronto, o sistema se parecerá muito com o GPS usado aqui na Terra", disse Rongxing Li, autor do projeto e professor de engenharia e ciências geodésicas da universidade de Ohio. De acordo com Li, que também é co-autor dos softwares que rodam nos jipes Spirit e Opportunity, em atividade na superfície de Marte, o uso combinado de sensores, navegação inercial (baseada em giroscópios) câmeras 3-D e processadores de última geração, fará as próximas viagens à Lua muito mais fáceis para os astronautas.
Segurança
As pessoas usam certos "truques" visuais para estimar distâncias, como o tamanho dos prédios, sombras ou carros próximos ao horizonte, mas na Lua essas referências não funcionam. Perder-se ou estimar erroneamente os objetos distantes é muito fácil e extremamente perigoso. Durante as missões Apollo diversos incidentes fizeram os astronautas suspenderem as caminhadas exploratórias. Crateras que estavam a poucos metros de distância eram simplesmente invisíveis devido ao terreno e chegar a elas poderia colocar em risco a segurança da missão.
Manter a segurança dos astronautas é a prioridade máxima da equipe de Li. Além de peritos nas áreas de engenharia, também fazem parte psicólogos e especialistas na interação entre homem e máquina. "Nosso objetivo é a navegação na Lua, mas a saúde dos astronautas terá papel decisivo. Será preciso evitar ou diminuir ao máximo o stress caso se percam ou sintam-se frustrados com o desempenho do equipamento. A navegação lunar não é só um problema de tecnologia, mas também um problema biomédico", explicou li.
Funcionamento
O sistema de Li, chamado LASOIS (Lunar Astronaut Spatial Orientation and Information System ou Sistema de Orientação e Informação Espacial para Astronautas Lunares), funciona através de imagens feitas a partir da órbita lunar combinadas com mapas topográficos da superfície. Sensores de movimento presentes nos veículos e também nas roupas dos exploradores permitirão aos computadores calcular a posição, enquanto rádios-sinais emitidos da superfície, do módulo de pouso e das estações-bases auxiliarão na composição tridimensional do cenário. Quando em uso, todas essas informações juntas fornecerão uma imagem semelhante àquela vista pelos navegadores quando usam um GPS aqui na Terra.
Segundo Li, os dados de posicionamento poderão ser consultados através de terminais presos aos braços dos astronautas e serão acessados de qualquer ponto da superfície lunar.
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