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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Lançamento de nave abre caminho da Índia à Lua


Ashley Yeager
A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro) lançou sua primeira espaçonave em direção à Lua em 22 de outubro, na mais ambiciosa missão espacial já realizada pelos indianos. A espaçonave não tripulada Chandrayaan-1 carrega instrumentos projetados para estudar a composição do solo lunar e procurar indícios de que existe gelo por sob os dois pólos da Lua.
A exploração científica "é parte importante da missão", diz Ian Crawford, do Birbeck College, parte da Universidade de Londres, e líder da equipe responsável por um dos instrumentos que a Agência Espacial Européia (ESA) forneceu para a missão. "Mas talvez haja também razões geopolíticas que superam os motivos científicos".

A missão é o esforço da Índia para tentar obter "as credenciais necessárias" a ser parte da comunidade de nações "privilegiadas por poderem explorar o espaço exterior", diz Krishnaswamy Kasturirangan, membro do Parlamento indiano e antigo presidente da Isro. A exploração espacial é atividade de alto prestígio e alta tecnologia, e Kasturirangan diz que a Índia deseja participar dessa empreitada em companhia de países que já desenvolveram seus programas espaciais, entre os quais Estados Unidos, Rússia e, mais recentemente, Japão e China.
Caça ao tesouro
Missão lunares do passado, como os programas norte-americanos Apollo e Clementine, e atuais, como a japonesa SELENE, investigaram as características e a composição da superfície lunar, em um esforço por deduzir as origens do satélite.

A Chandrayaan-1, diz Kasturirangan, oferecerá respostas "muito detalhadas" a perguntas sobre a abundância na Lua de hélio-3, um combustível que poderia ser minerado para alimentar reatores de fusão nuclear. Dos 11 instrumentos transportados pela Chandrayaan-1, cinco foram criados por cientistas indianos, dois vieram da ESA, dois da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) norte-americana e um da Academia de Ciências da Bulgária.

O espectrômetro de alta energia em raio-X (HEX) criado na Índia e o Radar de Mini-Abertura Sintética (MiniSAR) fornecido pelos Estados Unidos procurarão provas mais definitivas sobre a presença ou ausência de água congelada nos pólos lunares, que vivem sob noite permanente. O MiniSAR, por exemplo, disparará um feixe de luz polarizada em alta freqüência na direção da superfície lunar e depois capturará e analisará qualquer luz refletida.

As demais câmeras e espectrômetros da Chandrayaan-1 oferecerão "as melhores vistas da Lua hoje disponíveis, com a maior resolução", disse Noah Petro, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, em Greenbelt, Maryland, responsável por parte da instrumentação transportada pela Chandrayaan-1.

A Isro vem colocando satélites em órbita da Terra desde os anos 70. Mas a missão Chandrayaan-1, um projeto de US$ 78 milhões, representa a primeira tentativa da organização espacial indiana para enviar uma espaçonave além da órbita terrestre.

A espaçonave foi lançada do Centro Espacial Satish Dhawan Space Center, em Sriharikota. Caso tudo corra bem, ela terminará por entrar em órbita dos pólos lunares a uma distância de 100 quilômetros, e operará por pelo menos dois anos. Os cientistas indianos se comunicarão com a espaçonave da base da Isro em Peenya, norte da Índia, ao norte de Bangalore.

Kasturirangan explica que uma das motivações não científicas da missão é inspirar a próxima geração de cientistas indianas, o que permitiria criar interesse e infra-estrutura para a Chandrayaan-2 e possivelmente para missões tripuladas a Marte e a outros lugares.

Essas futuras missões ainda não têm datas de lançamento definidas, diz Kasturirangan, mas funcionários do governo indiano e da Isro já estão discutindo como concretizá-las.

Tradução: Paulo Migliacci ME

Fonte:The New York Times

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